quarta-feira, 31 de março de 2010

Coisas assim

Eu tenho essa vontade de trazer você aqui. No terraço do prédio em frente ao meu, não sei por quê. Brincar na chuva. As nossas brincadeiras, você sabe. Eu tenho essa vontade de guardar você na minha gaveta de meias. Hoje eu quero usar a sua presença porque ela me deixa vivo. Hoje também. E hoje. E hoje, e todos os dias, e eu lavo a sua presença na chuva que é pra nunca ficar sem ela enquanto as minhas roupas estiverem na lavanderia. Eu tenho essa vontade de comer você, assim, com geleia de morango no café da manhã e pimenta vermelha no almoço. Tenho essa vontade, queria que você soubesse de tudo o que se passa no meu coração meio sujo, depois ser perdoado e ter uma tarde tranquila ao seu lado, entre borboletas amarelas e um rio cantando e se perdendo em seu eterno ir adiante. Eu tenho essa vontade louca de me esquecer das coisas burras, envelhecidas e sem nenhuma graça deste mundo. O que nos resta? Vamos provocar nosso desejo às três e meia da tarde sobre o asfalto, quebrar as vitrines com os quatro sapatos de quando nos despirmos, amar um ao outro com tanta intensidade que quando adormecerem nossos corpos nus e entrelaçados parecerão um sol caído no canteiro da praça. "É proibido ter um sol na grama", reclamarão os transeuntes. Então chegará esse anjo com o indicador sobre os lábios.

Um comentário:

a disse...

Ai, Roger!

Que L I N D O!
Encantador.