segunda-feira, 12 de abril de 2010

Flui

Alguém em mim quer gritar uma dor muito antiga. Ele vem, coloca a mão pesada no meu peito e diz: (...) Eu já não ouço. A dor ainda dói, mas eu passeio pelas ruas e a cidade me parece muito cheia de um qualquer-coisa alegre, pequenas gotas de luz dançando no ar vazio, algo esquecido no fundo dos olhos de quem às vezes eu ainda me lembro de olhar. Eu nunca acreditei na solidão, pra dizer bem a verdade. Eu só jogava o seu jogo por achar que me faltava companhia. Agora, observando em silêncio o vai-e-vem dos corpos animados por estranhas forças, esse mar de gentes à procura de um descanso que não chega nunca, crianças oprimidas ainda pelo grande mistério do mundo eu penso: (...) Eu já não penso. Meu coração também pulsa. Tudo o que eu sou me basta.

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